segunda-feira, 12 de julho de 2010

Queda


Hoje caí da minha moto pela segunda vez. Na primeira vez, escorreguei em uma curva, de maneira besta, e machuquei meu ombro direito. Até hoje ele dói um pouco, mas também, eu nunca fui ao médico pra saber se tem algo errado com ele. Talvez eu vá agora.
Hoje foi diferente. Eu estava a caminho de casa, e mais uma vez o chão estava molhado, graças a garoa leve que caía naquele momento. Chuva muito fina, muito fraca, mas suficiente pra deixar um motociclista em apuros quando ele precisa frear pra evitar um choque. Na minha frente, um carro de alguma empresa, talvez de telefonia. Vi que ele andava de uma maneira meio desorientada, como se o motorista estivesse olhando pros lados, procurando uma vaga ou um endereço. Eu vinha devagar, e já me preparava para dar seta para a esquerda e sair de trás desse cara, quando ele simplesmente parou o carro e deu seta pra direita, como se fosse encostar. Eu puxei os freios com tudo, buzinei...e um segundo depois eu estava no chão.
Rapidamente me ajudaram. Caí bem em frente a um terminal de ônibus e a vários motociclistas que estavam parados. Me levantei querendo que aquilo fosse um sonho. Além de ter detonado um pouco mais a minha querida Suzuki Burgman, ralei minha perna esquerda, tô com um hematoma no cotovelo e danifiquei uma calça bem bacana.
Tô dolorido, cansado, e triste.
Triste, porque o pior de tudo, é que o motorista que me derrubou, acelerou o carro e foi embora, sem prestar socorro. Não consegui anotar a placa. Só conseguia olhar pro carro indo embora e me deixando ali, caído no meio da rua.
Todos que ajudaram ficaram tão atônitos que ninguém conseguiu identificá-lo. Tudo bem. Espero que esse cidadão durma tranquilo.
Meu cotovelo dói, minha perna tá ardendo, minha moto tá ainda mais ralada e eu furei mais uma calça...
Mas o que quebrou mesmo foi meu espírito.
Os que me ajudaram acabaram catando alguns pedaços, e isso me fez acreditar que, algum dia, talvez, eu consiga me consertar e volte então a acreditar nesse ser tão estúpido, tão estranho que é o homem.

domingo, 13 de junho de 2010


O dia dos namorados

Dia dos namorados sozinho.
Filmes, internet, macarrão de pacotinho.
E pra animar um pouco esse “climão” de Copa,
Algumas garrafas de vinho.
Não que eu ligue pra esse dia.
Pelo contrário. Acho uma porcaria.
As matérias do Jornal Hoje; o “Guia Especial” que vem dentro do jornal.
Tudo isso me faz passar mal.
Fila pra jantar, fila pra comprar flor.
Fila no estacionamento, pra quem quer entrar e pra quem quer sair de lá de dentro.
Tudo em nome do amor.
E no dia seguinte, não teria que ser igual?
Ou agora que passou dia doze, tudo volta ao normal?
É claro, existem exceções.
Conheço casais bem bacanas,
mas também conheço uns bem bundões.
E se existe o dia dos namorados, por que não existe o “dia dos casados”?
Será que é porque o amor começa a acabar no dia do casamento?
Não sou pessimista, apenas deixei escapar esse pensamento.
E também é claro que eu só falo isso tudo da boca pra fora.
Porque da boca pra dentro, só sentimento.

quarta-feira, 5 de maio de 2010

Poema de um homem duro



Poema de um homem duro
(Tchello Palma)

Eu estou duro.
Não tenho um real.
Estou tão duro,
Que eu vou te dar uma geral.
Lá em casa eu tenho tanto filho,
Que a gente usa o garfo pra comer o sucrilho.
O mais velho come seu cereal molhadinho,
E passa o prato com leite pro irmão mais novinho.
Este, então, joga no prato seu cereal, come e passa para outro
Até completar-se o ritual.
Na hora do almoço, “Tem frango“, começa o alvoroço.
Quem fica com a pele e quem fica com o osso?
Tanta perna de galinha, misturada com pescoço.
E o angu tá sempre com caroço.
Hora da sobremesa! A criançada faz a festa,
Mas quando veem o doce na mesa,
Todas franzem a testa.
Queriam um pudim de leite,
Com calda de caramelo, que ternura.
Mas tudo o que conseguiram foi um
Tijolo de rapadura.
Começa então a balburdia,
Quem vai ficar com o maior pedaço?
O irmão caçula tenta, mas logo leva um pescossaço.
E então eles devoram toda a pedra açucarada,
E a fila do banheiro sai de casa e vai até a calçada.
Acabou o papel? Não faz mal.
Quando roubei o frango, roubei também um jornal.
Chega a noite, o dia passa,
Da-lhe pururuca, da-lhe cachaça.
A mulher chama pra janta,
Eu me levanto rápido e a cabeça gira,
Olho pro prato e quase chamo o Hugo,
Quando vejo o Miojo de galinha caipira.
Vou pro colchão sem jantar, a cabeça latejante.
Me desequilibro ao andar,
E dou com o dedinho no pé da estante.
Ah, quanta dor! Ah, quanta agonia!
E é tanta gente num só quarto,
Tanta louça numa pia.
Mas também, quem mandou eu não fazer mais cômodos,
Ou quem sabe, não ter feito tanta cria?
Me deito, o corpo cansado,
Olho pro meu dedinho, ele tá inchado.
Fecho os olhos e tento relaxar, enfim.
Meu filho apaga a luz do quarto,
E no caminho pro seu colchão,
Pisa em cima do meu rim.
Eu xingo tanto, que pra me acalmar,
Minha mulher sobe em cima de mim.
Acabei fazendo mais um filho,
Acabou sobrando pra mim.
Ah, eu estou duro.
Não tenho um real.
Eu estou tão duro,
Que vou botar todo mundo
Pra vender bala na Marginal.

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

Sobre a necessidade de ser feliz no Reveillon.


O ano de 2009 se foi, sem deixar saudades pra mim e pra outras pessoas que conheço. 2010 chega com todo o estilo que uma nova década merece. Que belo número, não é? 2010! É forte e parece nos inspirar a sermos melhores com as pessoas, com o mundo, com as plantinhas e os animais.
Alguns prometem largar algum vício, e geralmente apenas o trocam por outro. Outros garantem que aquele será o ano do esporte, de cuidar do corpo, pois o corpo é o nosso templo, ou algo assim, mas depois de sentir tontura na bicicleta pela segunda vez em uma semana de academia, esse elemento abandona o plano pré-pago de seis meses e volta às pizzas e ao seu amado computador, que nunca lhe causaram nenhum tipo de náusea.
Mas comecei esse tópico para falar da noite de Reveillon. Que dia estranho esse, não é? Um dia em que você come comida com frutas dentro, carnes diversas de bichos que você nunca viu, como o chester..(Confesso que nunca sei quem é quem na mesa..Pra mim, o pernil pode ser o lombo e vice-versa) E farofa com frutas, maionese com frutas. Aposto que essa galera não come essa fruta toda no café da manhã. O dia passa, as pessoas vão se enchendo daquele espírito de...Johnnie Walker, manja? Alguns choram(not this guy), outros brigam, todos bebem. E chega a hora do banho. Caos. Cadê a água? Não importa, o ano novo deve nos brindar com um belo temporal na cabeça, bem pertinho da meia-noite, quando todos estiverem completamente indefesos na areia da praia.
E começa a procissão até a praia. Como sempre, quase todo mundo de branco(again,not this guy). Eu abandonei o hábito há alguns anos. Não sei exatamente se por falta de fé nessa crenças, ou por preguiça de encarar a fila da C&A pra comprar cuecas e camisetas brancas. Porque ainda precisa ser roupa nova!! O branco do ano passado já era! No caso das cuecas eu ainda concordo, mas as camisetas poderiam ser as velhinhas, não é? De qualquer maneira, eu fui multicolor.
Existem também aqueles que radicalizam e vão inteirinhos de preto. Jovens com cara de nenhum emo-amigo e absolutamente contrariados, por terem que estar ali, na miserável companhia da família, nas areias da Enseada, esperando pela chuva de fogos..e de água, pois o céu começou a fechar.
E vem a contagem regressiva e a maioria tá mais preocupada em tirar aquele maldito aramezinho que fica em volta da rolha da champagne. 10,9,8,7,6...1..O resto todo mundo já sabe.
E aí vem aquela hora bonita, em que TODOS pretendem gostar de TODOS. E dá-lhe abraço na tia do primo do vizinho do seu tio, beijo na cozinheira do padrasto da amiga do seu cunhado e todos que você nunca viu na vida, mas que estão distribuindo alegria e desejos de paz pra todos os lados. Amanhã ele estará buzinando atrás de você e te xingando de todos os nomes possíveis, mas hoje ele te ama. Eu aceito e retribuo os votos que recebo, e pras pessoas que eu realmente amo, pouco e verdadeiro é o necessário a se dizer.
Quem vai pular ondinhas? Eu não. Nunca sei se aquela marolinha com espuma já conta como onda, e confesso que cansei também dessa brincadeira. Hoje minhas filhas pulam por mim, e tenho certeza que em 14 pedidos, alguma coisa pra mim deve sobrar.
Todos voltam aos poucos pras suas casas naquela marcha Keep Walking, manja? Um pouco antes do relógio marcar uma da manhã, uma chuva forte fez os poucos que haviam ficado na rua voltar como gatos surpreendidos por um jato d´àgua para dentro de seus lares. Nós já estávamos em casa quando a chuva começou, me lembro de ficar aliviado e pensar:
Se Deus existe, que bom que Ele não sabe nada dessa coisa de horário de verão. Pelo relógio Dele, essa chuva era pra melar nossa meia-noite.
Feliz década de 10!

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

O Jovem Frankenstein - 35 anos


Um dos clássicos maiores da comédia cinematográfica,o filme “O Jovem Frankenstein“,de Mel Brooks,completou 35 anos de seu lançamento. Com roteiro de Gene Wilder,que também estrela o filme,e atuações brilhantes de todo o elenco,é sem dúvida,uma das obras-primas da carreira de Brooks. Filmado em preto e branco,para reforçar ainda mais o clima dos filmes antigos de terror,tem cenas hilariantes,diálogos sensacionais e pelo menos um número musical antológico,quando criador e criatura se apresentam para uma platéia de cientistas boquiabertos.
Filme obrigatório! Se ainda não assistiu,assista!


(Freddy gets off the ancient train and looks for someone
who might be there to meet him. he sets down his suit-
case and briefcase.
From out of the darkness, IGOR, a strange man with a
hunched back, walks towards him. )

IGOR
Frederick Frankenstein?

FREDDY
Fron kon steen!

IGOR
Are you putting me on?

FREDDY
No, it's pronounced Fron kon
steen.

IGOR
And do you also say Fro dereck?

FREDDY
No, Fred ereck.

IGOR
Why isn't it Frodereck Fronkon steen?

FREDDY
It's not. It's Fredereck
Fronkonsteen.

IGOR
I see.

FREDDY
You must be Igor.

Igor thinks a moment.

IGOR
No, it's pronounced Aye gor.

FREDDY
But they told me it was Ee gor.

IGOR
Well, they were wrong then,
weren't they?

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Site da semana: Black Cab Sessions


Quando penso em divulgação de músicas na internet,penso que boas idéias devem ser adicionadas às boas canções,e vice-versa. O site “Black Cab Sessions“ mostra de forma bem simples e direta um exemplo do que quero dizer. A idéia é essa:
Uma canção. Um take. Um táxi.
São vários filmes,com artistas bem bacanas. Vale muito a pena conferir! E o melhor de tudo,a corrida sai na faixa!
Divirtam-se!

http://www.blackcabsessions.com/

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Esse é o cara! Vol 2 - Woody Allen


Woody Allen fez aniversário dia 01 de dezembro. Pra comemorar,deixo aqui um trechinho do roteiro de “Annie Hall“,de 1977. Um dos meus prediletos. Os diálogos são geniais,a química entre Woody e Diane Keaton é perfeita e todo o elenco dá um show. Essa cena acontece bem no começo,e mostra Alvy,personagem vivido por Allen,ainda criança,em uma consulta ao médico,acompanhado de sua mãe:

INT. DOCTOR'S OFFICE-DAY

Alvy as young boy sits on a sofa with his mother in an old-fashioned,
cluttered doctor's office. The doctor stands near the sofa, holding a
cigarette and listening.

MOTHER
(To the doctor)
He's been depressed. All off a sudden,
he can't do anything.

DOCTOR
(Nodding)
Why are you depressed, Alvy?

MOTHER
(Nudging Alvy)
Tell Dr. Flicker.
(Young Alvy sits, his head down. His
mother answers for him)
It's something he read.

DOCTOR
(Puffing on his cigarette and
nodding)
Something he read, huh?

ALVY
(His head still down)
The universe is expanding.

DOCTOR
The universe is expanding?

ALVY
(Looking up at the doctor)
Well, the universe is everything, and if
it's expanding, someday it will break apart
and that would be the end of everything!

Disgusted, his mother looks at him.

MOTHER
(shouting)
What is that your business?
(she turns back to the doctor)
He stopped doing his homework.

ALVY
What's the point?

MOTHER
(Excited, gesturing with her hands)
What has the universe got to do with it?
You're here in Brooklyn! Brooklyn is not
expanding!

DOCTOR
(Heartily, looking down at Alvy)
It won't be expanding for billions of years
yet, Alvy. And we've gotta try to enjoy
ourselves while we're here. Uh?

He laughs.